Como fã de Lords of Hellas, decidi compartilhar minha visão sobre Lords of Ragnarok, voltada para jogadores de médio a alto nível de complexidade. Ao final da análise, incluo minha lista pessoal de “10 jogos que eu manteria”, para ajudar quem tem gostos semelhantes aos meus a avaliar se este jogo merece um lugar na estante.
Jogabilidade e Mecânicas
Lords of Ragnarok transporta os jogadores para um universo mitológico nórdico com toques de cyberpunk, onde facções quase simétricas disputam território, caçam monstros e correm contra o tempo até o confronto final com o Ragnarok. A experiência combina controle de área, combate baseado em cartas e caçada a monstros de forma integrada, oferecendo uma jogabilidade estratégica e envolvente.
Jogos Comparáveis
A comparação mais óbvia é com Lords of Hellas, já que Ragnarok é uma reinvenção dele. No entanto, ele também lembra jogos como Inis (pelas múltiplas condições de vitória e controle de área), Blood Rage, Fury of Dracula e Forbidden Stars, especialmente no uso do combate com cartas. No quesito caçada a monstros, ainda não encontrei nenhum outro jogo com dinâmica semelhante na minha coleção.
Pontos Fortes
- Componentes: A qualidade dos componentes é excelente, com destaque para o pacote de terrenos. No entanto, esse capricho visual pode acabar deixando o tabuleiro mais poluído visualmente.
- Condições de vitória variadas: Um dos maiores trunfos do jogo. Ele incentiva o uso de estratégias distintas, mantendo todas conectadas de forma coerente com as mecânicas.
- Interação entre jogadores: Apesar dos combates, perder uma luta raramente é catastrófico – geralmente significa apenas um pequeno retrocesso. O sistema de seleção de ações compartilhadas, com a roda de ações especiais, adiciona competição sem bloqueios frustrantes.
- Monstros e chefes: A forma como eles influenciam o estado do jogo é muito bem pensada. Adicionam variedade e táticas únicas a cada partida.
- Duração do jogo: Após algumas partidas, o tempo de jogo se estabiliza em cerca de 45 minutos por jogador. O Ragnarok funciona como um limite natural que impede que a partida se arraste.
- Expansões: Ao contrário do Lords of Hellas, onde algumas expansões comprometiam a experiência, as de Ragnarok enriquecem o jogo com novos monstros, chefes e divindades. A rejogabilidade agradece.
- Tema: A mistura de mitologia nórdica com elementos cyberpunk não me atraiu de imediato, mas não atrapalhou a imersão. Jogar como um herói liderando um exército na Islândia foi bem divertido.
- Coerência temática das mecânicas: Todas as ações e sistemas casam bem com a proposta do jogo. Nada parece deslocado ou artificial.
- Draft de Bênçãos: Um dos elementos mais interessantes. As bênçãos têm efeitos poderosos e permitem personalizar bastante sua facção, trazendo uma assimetria rica e envolvente.
Pontos Fracos
- Runas, Reinos e Controle de Monstros: Apesar de adicionarem profundidade, esses elementos introduzem uma complexidade extra que compromete a elegância presente em Lords of Hellas. Em vez de centralizar o controle de monstros na construção de Monumentos (como no jogo anterior), agora existem múltiplos caminhos para executar ações e ganhar bônus, o que pode diluir o impacto das ações principais.
- Layout do tabuleiro: Embora visualmente impressionante, o tabuleiro pode ser difícil de ler durante a partida. Mesmo com o uso inteligente de cores e símbolos, é fácil deixar passar algo importante quando o mapa está cheio. O design em camadas de Lords of Hellas era mais funcional.
Possíveis Preocupações
Surpreendentemente, não há grandes problemas. O jogo resolve bem os principais pontos fracos do antecessor. Tudo parece equilibrado, as expansões funcionam bem e acrescentam variedade, e a única ressalva fica para a complexidade um pouco maior, que sacrifica parte da elegância do original.
Veredito Final
Dou a Lords of Ragnarok uma nota sólida de 8/10. É um jogo que gosto muito, quero jogar mais vezes e certamente manterei na minha coleção. Com mais partidas, vejo potencial para que ele chegue até um 9/10.
