Depois de anos imprimindo em diversas máquinas — de modelos open source como o Voron até a confiável Prusa MK3S+ — poucas impressoras conseguiram me surpreender tanto quanto a Bambu Lab X1 Carbon. Desde o primeiro contato com o equipamento até as dezenas de impressões subsequentes, uma coisa ficou clara: esta impressora não quer apenas competir com as melhores. Ela quer ser o novo padrão.
Se você está procurando por uma impressora 3D de altíssimo desempenho, que combine velocidade, precisão e uma experiência de uso fluida, a X1 Carbon merece sua atenção. Mas será que ela é tudo isso mesmo? E será que vale o investimento? Neste review, compartilho minha experiência completa — com sinceridade e equilíbrio — para te ajudar a decidir.
Unboxing e Primeiras Impressões
Logo na abertura da caixa da X1 Carbon, dá pra perceber que estamos lidando com um produto premium. A montagem praticamente não existe: ela já vem pronta para uso. Tudo está bem organizado, e a qualidade dos materiais — desde os encaixes até a estrutura em alumínio — transmite solidez e confiabilidade.
Mas um detalhe me pegou de surpresa: não vem uma placa texturizada na caixa. Isso pode parecer pequeno, mas é um item muito desejado por quem gosta de acabamento fosco nas peças. Em vez disso, a impressora acompanha a “engineering plate” e a “cool plate”, ambas voltadas para superfícies lisas. É possível comprar a texturizada separadamente, mas seria interessante ter a opção no ato da compra. Nada que estrague a experiência — apenas um detalhe que poderia ser mais claro no site.
A Bambu Possui o melhor Software

Ao instalar o Bambu Slicer e o app Bambu Handy, percebi o quão integrada e coesa é a experiência da X1C. A Bambu não só criou seu próprio slicer (baseado no PrusaSlicer), como também integrou nele a gestão da impressora, o monitoramento da fila de impressão, e até mesmo as funções de calibração — tudo em um único programa.
Isso significa que você não precisa de OctoPrint, Mainsail, ou nenhum outro software externo. Tudo está ali, funcionando de forma fluida. Claro, isso também significa que você está dentro de um “jardim murado”, onde só pode usar ferramentas da própria Bambu. Mas a contrapartida é um nível de integração e automação que eu nunca vi em outro modelo.
Impressão Multicor Precisa e Muito Boa

A Bambu Lab X1 Carbon é, de longe, a impressora mais autônoma que já usei. O sensor LiDAR faz o nivelamento e a calibração do primeiro layer de forma automatizada. Ela mede a ressonância dos eixos e se ajusta em tempo real. Quando fiz um reforço de emergência na mesa durante uma impressão, ela percebeu a alteração na ressonância do eixo Y e me avisou para recalibrar — isso é impressionante!
O sistema AMS (Automatic Material System), incluso na versão Combo, é um divisor de águas. Você insere até 4 filamentos e ele gerencia tudo: corta, descarrega, carrega, aquece e purga. Você só escolhe a cor e imprime. Isso vale tanto para impressão multicolorida quanto para uso de diferentes materiais no mesmo projeto.
E sim, ela imprime muito rápido — até 500 mm/s com aceleração de 20.000 mm/s². Mesmo com essa velocidade, o acabamento das peças é impecável. Com ABS, ASA, PLA ou PETG, as peças saíram com qualidade profissional, e os suportes são fáceis de remover.
Detalhes que Podem Ser Melhorados
Como toda impressora, a X1 Carbon também tem seus pontos que poderiam ser refinados:

- A purga de filamento durante trocas de cor gera bastante desperdício. A impressora prioriza evitar contaminação de cor e, por isso, purga mais do que o necessário. Isso é configurável, mas poderia ser mais intuitivo.
- O tempo de inicialização é longo. Leva cerca de 7 minutos desde o clique em “print” até o início real da impressão. Isso inclui aquecimento, calibração, checagem de ressonância e preparação do material. Por outro lado, o primeiro layer é sempre perfeito, e isso compensa a espera.
- A filtragem de VOCs (compostos voláteis) é limitada. O filtro de carbono filtra apenas o ar que sai da impressora, e não o que circula internamente. Para materiais como ABS, seria ideal um sistema de filtragem ativa no interior do gabinete — algo que pode ser resolvido via firmware no futuro.
- A compatibilidade com filamentos em bobinas de papelão é limitada. O AMS não funciona bem com spools de papelão como os da Polymaker, mas isso pode ser resolvido com adaptadores impressos.

Um Ecossistema Fechado, Mas Eficiente
A Bambu Lab construiu um ecossistema fechado — e isso tem prós e contras.
Você não pode usar OctoPrint, não há suporte oficial para CHT nozzles, e nem para placas de terceiros como WhamBam. Por outro lado, tudo que é feito pela Bambu funciona perfeitamente dentro do sistema. Isso traz uma experiência parecida com a da Apple: talvez menos customizável, mas incrivelmente estável e confiável.
Se você valoriza liberdade total, essa não será a impressora ideal. Mas se busca produtividade, simplicidade e qualidade desde o primeiro dia, o sistema fechado da Bambu vai te agradar bastante.
Vale a Pena Comprar a Bambu Lab X1 Carbon?

Sim. Vale muito.
A Bambu Lab X1 Carbon é uma impressora 3D de outro nível. Ela oferece recursos que antes só existiam em setups caros e complexos, agora acessíveis com apenas alguns cliques. Seu desempenho é excelente, o acabamento das peças é profissional, e a automação torna o processo de impressão mais simples e confiável do que nunca.
Claro, não é perfeita — mas os poucos pontos a melhorar não tiram o brilho do conjunto. Para mim, ela está substituindo minha Prusa MK3S+ como a impressora do dia a dia, e só não aposentou meu Voron porque ainda gosto de explorar upgrades manuais.
Se você quer uma impressora 3D que simplesmente funciona, entrega qualidade absurda, é rápida e quase não dá dor de cabeça, a X1 Carbon é, sem dúvida, uma das melhores opções disponíveis hoje.